sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

La ronde na Bahia é Ciranda

Quando vi, já nos anos 1970, em Salvador, o filme La Ronde de Roger Vadim (com Jane Fonda, Anna Karina, Jean-Claude Brialy e Maurice Ronet), de 1964, fiquei fascinado pela ideia, originalmente uma peça teatral (Reigen) do escritor vienense de origem judia Arthur Schnitzler, escrita em 1897, publicada em 1903, censurada em 1904 e enfim montada em 1920 (Berlim) e 1921 (Viena).

São 10 pequenos diálogos para um homem e uma mulher, que mantêm relações sexuais. O espectador assiste as preliminares, o jogo de sedução e poder, mas o ato sexual não é encenado. A ronda consiste no fato de que cada um dos personagens (de todas as classes sociais) contracena com dois parceiros sucessivos e, assim, aparece em duas cenas consecutivas, o último a aparecer contracenando com o primeiro. Schnitzler é um dos expoentes da Viena-fim-de-século (XIX), quando a velha capital do império austro-húngaro ficou como uma cabeça sem corpo, reunindo grandes artistas e cientistas que mudariam a história da cultura ocidental, com muito escândalo... que hoje é quase norma... Michel Maffesoli usa-a como exemplo do anômico que vira canônico... A ronda retrata e revela tudo isso...

Depois descobri existirem mais de uma dúzia de outras versões cinematográficas dessa famosa peça, entre as quais se destacam as de Max Ophüls, de 1950 (com Jean-Louis Barrault, Gérard Philipe, Simone Signoret e Danielle Darrieux) e de Otto Schenk (com Maria Schneider, Helmut Berger e Senta Berger), de 1973. Mais recentemente, soube de outro projeto baseado na mesma peça, para 2012, de Fernando Meirelles.

Durante meu mestrado nos EUA, nós, que éramos um grupo de 10 alunos (5 homens e 5 mulheres), montamos essa peça como exercício de aula, porque bem de acordo com o elenco disponível. Fiz o papel do poeta, que faria de novo em Salvador na montagem Ciranda, apresentada na imprensa como o lançamento da Companhia de Teatro da UFBA, em 1984 (em meio a greves e sem grande repercussão), cujo programa se encontra aqui, com recortes de jornal e uma folha de contatos de fotos.






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