sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Teatro de cordel

Folheto d'Ele o Tal Cuíca de Santo Amaro impresso especialmente para o Lançamento do Teatro de Cordel no Teatro Vila Velha em 1966...





Meu saudoso amigo Lú me deu de presente este folheto por conhecer meu interesse no teatro de cordel e me saber espectador admirador do trabalho de João Augusto Azevedo em paralelo a nossos ensaios de peça de Carlos Sarno (inspirada na literatura de cordel e que nunca estrearia...) no Colégio da Bahia Central, onde estudávamos em 1966... Lú trabalhou na luz e figurinos deste fundador espetáculo de teatro de cordel...

Ver mais sobre isso em http://www.portalseer.ufba.br/index.php/revteatro!

Viver Bahia nº 14

Tem cordel neste número
e muita gente também
peça de Possi na UFBA
e coisa de querer bem
entrevista da Bahia
e nós na capa amém
 

























quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Teatro Dan Dan existiu na Vila Matos entre 1974 e 1978...

Era uma casinha bem pequena, com um corredor que levava a uma sala, na qual cabiam 21 espectadores apertadinhos (em sete almofadas no chão e dois bancos de madeira para sete pessoas cada; chegando a haver duas sessões por conta de muito público...). O corredor tinha duas janelas para um espaço estreito, um bequinho que separava esta casa de outra, e três portas: a primeira dava acesso a uma espécie de sala de visitas mínima (que se ligava por um espaço aberto sem porta a um quarto também mínimo); a segunda e terceira davam para pequenos quartos (aquele ligado à salinha de visitas e outro, menos menor). A sala, que funcionava como palco e plateia, de piso de tacos e paredes pintadas de preto, tinha três janelas: uma para o espaço estreito entre as casas (o bequinho) e duas para um pequeno quintal limitado por um ameaçador morro. A sala se ligava ao corredor e à cozinha, sem portas. Da cozinha, onde também funcionava a técnica do teatro (criação colaborativa de Tonhinho Cientista e Ronaldo Vacarezza), se tinha acesso ao quintal por uma porta. O banheiro e sanitário ficavam fora, com acesso por outra porta no quintal...
Aí foram produzidos e apresentados meus espetáculos solo Blue Marinho e Tabu, a Revista Vila Matos Nº 1 (com Carlos Ribas e...), o espetáculo Alice's Galaxias (com Vera Violeta e Jango Machado), o show musical Rosa (de Marco Antonio Queiroz), além de performances de Marquinhos Rebu, muitas vivências plástico-sensórias lideradas por José Hamiltom Oliveira e o lançamento da Poesia Caeté de Demar Guerra. O Dan Dan também deu origem e apoio a outros espetáculos, como, por exemplo, Surra, de Luciano Diniz, Diógnes Rebouças Filho, Carlos Ribas e Armindo Bião, Lei do Cão, de Luciano Diniz e Aprender a Nadar, de Nivalda Costa...

O nome Dan Dan tinha a ver com Isadora Duncan, cuja autobiografia li aí (inclusive sua admiração pelos casais inter-étnicos [o termo é de hoje em dia...] que viu em Salvador quando por aqui passou), aliás assim como os sete volumes de Marcel Proust de Em busca do tempo perdido, e também tem a ver com meu amor pela dança, fartamente demonstrado em minha temporada londrina, onde eu me desnudava e corria riscos (Caetano Veloso chegou a me dedicar seu texto Asthma, publicado em O Pasquim: "para Bião, Isadora"). Dan Dan lembrava  Duncan e a expressão 'meio tantan'... ... ... Convivíamos muito bem na Vila Matos. Filmávamos em super oito as crianças que brincavam na rua (estreita e curta, mas com três quebra-molas, que acho serviam para preservar espaço para as crianças...) e exibíamos o resultado filmado na parede do Mercadinho de Louro (que seria assassinado trabalhando no final dos anos 1970, inaugurando a violência pública por ali). Sediávamos um bar de apoio para o Bando Anunciador da Festa do Rio Vermelho, quando saía o bloco Lero Lero, com Cacau do Pandeiro e o rei Tonho taxista montado num jegue. Freequentávamos a generosa cartomante da rua. Carlos Petrovich morava (ou moraria logo depois...) no Campinho da Vila Matos. Tínhamos amigos no Morro da Sereia. Tomávamos banho de mar em Ondina e na pedra das gaivotas... recebemos Jorge Mautner em embaixada glauberiana, Aneci Rocha e muita gente de teatro, dança e imprensa daqui mesmo... aparecemos em jornais locais e na revista nacional Visão, com explícita associação à dança...
Não nos preocupávamos com segurança... nossa porta ficava aberta constantemente... os viznhos vinham a nossos espetáculos...  e nos protegiam...

Certo dia de festa de largo, precisei pular o muro do bequinho entre minha casa e a dos vizinhos e o derrubei em parte... talvez toda a construção fosse de adobe... as paredes eram meio irregulares e a umidade era muita... quando chovia, subia do chão grande mancha úmida pelas paredes... também em minha pele apareceram fungos... até uma psoríase que eu só tivera na infância reapareceu... e numa noite bem chuvosa do mês de maio de 1978, com um corrimento de terra no quintal, o morro derrubou os fundos da casa... o sanitário ficou cheio de barro, sem se poder usar... acabou-se o Dan Dan...

Alice's Galaxias, inspirado em Haroldo de Campos, que dirigi com Verinha e Jango

Blue Marinho em foto de Henrique Lira
Canto do palco sala em foto de Mariozinho Cravo Neto


o bequinho e a fachada do andar superior do Mercadinho de Louro, vistos da janela da sala
o corredor

O Dan Dan visita a cidade de Cachoeira